A vitória histórica da Oatly na batalha legal contra a indústria de laticínios está redefinindo os rótulos de alimentos à base de plantas. Um marco para o futuro.
Numa vitória legal histórica que pode redefinir a dinâmica da rotulagem de alimentos, a Oatly, a renomada marca sueca de leite à base de plantas, saiu vitoriosa em uma batalha judicial de quatro anos contra a Dairy UK Ltd, a associação comercial que representa a indústria leiteira britânica.
Contexto: a batalha revelada
O cerne da disputa residia em saber se era legalmente permitido para a Oatly usar o termo 'leite' em uma marca registrada para produtos não derivados de secreções mamárias.
A Dairy UK argumentou que o uso de 'leite' pela Oatly violava regulamentos pré-Brexit do Tribunal Europeu de 2013, que impunham restrições ao emprego do termo 'leite' na comercialização e embalagem de alimentos e bebidas.
Os regulamentos europeus, Artigo 78(2) do Regulamento (UE) nº 1308/2013, concediam especificamente status protegido a certos produtos agrícolas, incluindo laticínios.
A decisão do Tribunal Superior
O juiz do Tribunal Superior, Sr. Justice Richard Smith, proferiu uma decisão crucial, validando a marca registrada da Oatly e rejeitando o argumento da Dairy UK de que o termo 'leite' deveria ser categoricamente proibido em embalagens de alimentos não lácteos.
Em sua decisão, o juiz Smith enfatizou que a marca registrada da Oatly não afirmava, implicava ou sugeria que seus produtos eram à base de leite.
Essa distinção foi crucial para afirmar o direito da Oatly de usar o slogan 'Geração Pós-Leite' em seus produtos à base de aveia, incluindo a popular bebida à base de aveia.
Implicações e posição da Oatly
O triunfo legal da Oatly tem implicações de longo alcance para a indústria de alimentos à base de plantas e para a compreensão dos consumidores sobre a rotulagem de produtos.
Com a decisão do tribunal, a Oatly pode continuar a comercializar seus produtos com o slogan 'Geração Pós-Leite', uma estratégia simbólica do compromisso da marca em atrair consumidores que fizeram a transição do leite tradicional para alternativas à base de plantas.
O sucesso da Oatly reflete uma tendência mais ampla nas preferências dos consumidores, com um número crescente de pessoas optando por alternativas à base de plantas devido a considerações de saúde, ambientais e éticas.
A decisão do Tribunal Superior não apenas reafirma a capacidade da Oatly de usar o slogan contestado, mas também valida a crescente aceitação e reconhecimento de produtos à base de plantas no mercado mainstream.
O caminho para a vitória na embalagem da Oatly
A jornada legal da Oatly começou em 2019, quando obteve a marca registrada para o slogan 'Geração Pós-Leite'. No entanto, a Dairy UK se opôs, levando à anulação da marca registrada.
A batalha se intensificou quando a Oatly contestou as objeções da Dairy UK com base nos regulamentos europeus, afirmando que o slogan contornava as restrições por não descrever o produto, mas sim o provável consumidor.
O Escritório de Propriedade Intelectual (EPI) inicialmente concedeu a marca registrada para camisetas, mas a recusou para alimentos e bebidas, argumentando que o termo 'leite' não poderia ser usado para produtos não lácteos, mesmo no contexto de uma marca registrada.
Essa decisão foi contestada e revertida com sucesso pelo juiz Smith no Tribunal Superior.
Nuanças legais e argumento da Oatly
A disputa legal explorou interpretações sutis dos regulamentos europeus e sua aplicabilidade pós-Brexit.
A equipe jurídica da Oatly argumentou que o slogan 'Geração Pós-Leite', apesar de conter o termo protegido 'leite', não violava os regulamentos. Eles afirmaram que o slogan não era uma descrição do produto, mas sim uma caracterização do provável consumidor, contornando assim as restrições delineadas no Artigo 78(2) do Regulamento (UE) nº 1308/2013.
A decisão do juiz Smith enfatizou a importância do contexto e da interpretação do consumidor na avaliação de marcas registradas. Ele ressaltou que a marca registrada não pretendia descrever o produto e era improvável que levasse à confusão do consumidor.
Essa distinção foi crucial para conceder à Oatly a vitória em seu recurso contra a decisão do EPI.
Um precedente para marcas à base de plantas
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