Na Dornbirn GFC 2024, Arthur Erdem criticou a dependência da substituição de materiais nos esforços de sustentabilidade, defendendo uma mudança sistêmica para reduzir o consumo e o desperdício.
Na Conferência Global de Fibras de Dornbirn 2024, Arthur Erdem da IPEF Consulting destacou as consequências não intencionais da globalização e dos acordos comerciais, referindo-se especificamente às emendas de 1995 do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). Ele argumentou que essas mudanças abriram caminho para que empresas multinacionais transferissem a produção para países com salários mais baixos, contribuindo para a perda de empregos, pressão salarial e enfraquecimento das proteções trabalhistas em países industrializados. Essa mudança, segundo Erdem, levou a um aumento do poder corporativo, degradação ambiental e aumento do consumo e do desperdício global.
Erdem apresentou estatísticas alarmantes para ilustrar o impacto ambiental. Por exemplo, na Áustria, o lixo doméstico per capita cresceu 102% de 1995 a 2021, apesar de um aumento populacional de apenas 12,6%. Da mesma forma, o lixo de embalagens da Alemanha aumentou 26% no mesmo período, com um crescimento populacional muito menor de 2%. Erdem também observou que, na Alemanha, o número de itens de supermercado aumentou de 8.000 em 1995 para mais de 15.000 hoje, contribuindo para um aumento massivo na embalagem.
Apesar da tendência de usar materiais mais sustentáveis ou reciclados, Erdem argumentou que a substituição de materiais por si só não resolverá o problema sistêmico do consumo excessivo. Ele enfatizou que substituir plástico por papel, por exemplo, ainda tem custos ambientais significativos, como o desmatamento. 'Substituição não é sustentabilidade,' ele disse, explicando que é necessária uma transformação sistêmica, não mudanças superficiais, para reduzir o consumo de recursos e o desperdício. Ele também alertou que a dependência de substituições e relatórios de sustentabilidade muitas vezes obscurece a necessidade de mudanças econômicas e sociais mais profundas para alcançar uma sustentabilidade real.
As observações de Erdem enfatizaram que, embora as indústrias de embalagens e papel tenham avançado em direção à produção sustentável, a verdadeira inovação está em reconhecer os limites da substituição de materiais. O foco deve estar em mudar os padrões de consumo e reduzir o desperdício geral, em vez de prolongar o sistema atual por meio de alternativas aparentemente sustentáveis.
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