A PepsiCo reduziu suas metas de embalagens reutilizáveis, destacando os crescentes desafios em equilibrar sustentabilidade e praticidade nos negócios no setor de embalagens.
A recente mudança nos objetivos de sustentabilidade da PepsiCo enviou ondas pelo setor de embalagens, revelando a crescente tensão entre compromissos ambientais e pressões econômicas. Anteriormente uma defensora vocal de sistemas de embalagens circulares e metas ambiciosas de reutilização, a PepsiCo agora moderou seus objetivos, optando por metas mais 'pragmáticas' e 'realistas'.
Esta recalibração inclui a remoção de metas específicas de reutilização de sua documentação central de sustentabilidade e uma ênfase renovada em embalagens recicláveis, compostáveis, biodegradáveis ou projetadas para serem reutilizáveis, mas sem compromissos quantitativos de reutilização. A mudança está alinhada com uma tendência mais ampla entre as multinacionais, onde ventos econômicos levaram à reavaliação das estratégias de ESG de longo prazo.
Originalmente, a PepsiCo se comprometeu a entregar 20% de seu volume de bebidas globalmente por meio de modelos reutilizáveis até 2030. O plano envolvia investimentos em sistemas de recarga, formatos de embalagens retornáveis e parcerias com plataformas circulares. No entanto, em seu último Resumo de ESG para 2023, a empresa optou por uma linguagem mais generalizada, observando esforços para 'aumentar a porcentagem de embalagens reutilizáveis' sem anexar resultados mensuráveis.
"Permanecemos comprometidos em reduzir o desperdício de embalagens, mas ajustamos nossa abordagem para refletir as realidades do mercado", afirmou um porta-voz da PepsiCo.
Essa mudança levantou preocupações entre defensores ambientais e stakeholders de inovação em embalagens que contavam com empresas como a PepsiCo para liderar pelo exemplo. Críticos argumentam que a redução das ambições de reutilização mina os esforços para construir uma economia de embalagens circular, especialmente quando as empresas exercem uma influência significativa sobre a dinâmica da cadeia de suprimentos e o comportamento do consumidor.
Observadores do setor destacam que os sistemas de reutilização, embora custosos no início, oferecem benefícios a longo prazo na redução do desperdício de plástico e das emissões do ciclo de vida. No entanto, desafios logísticos, falta de infraestrutura e mudanças nos hábitos dos consumidores tornaram a reutilização difícil de ser escalada, especialmente em mercados globais com níveis variados de desenvolvimento.
Apesar desses desafios, outras marcas permanecem comprometidas. Por exemplo, a Unilever e a Nestlé continuam com programas piloto de estações de recarga e embalagens reutilizáveis, embora com cautela. Em contraste, a mudança da PepsiCo é vista por alguns como um sinal de que as estratégias de sustentabilidade corporativa estão cada vez mais em risco de serem despriorizadas quando a lucratividade está sob pressão.
Ainda assim, a empresa enfatiza seu investimento contínuo em embalagens sustentáveis. Em 2023, a PepsiCo relatou que 87% de suas embalagens foram projetadas para serem recicláveis, compostáveis, biodegradáveis ou reutilizáveis—um aumento em relação aos anos anteriores. Também expandiu o uso de conteúdo reciclado pós-consumo e materiais leves para reduzir o uso de plástico.
A lição para a indústria de embalagens é clara: enquanto a reutilização continua sendo um pilar vital para a circularidade, pode não ser a estratégia dominante para todas as empresas. As marcas provavelmente seguirão uma abordagem híbrida, combinando inovação de materiais com infraestrutura de reciclagem e esforços de reutilização localizados.
Para profissionais e fornecedores de embalagens, a mudança destaca a importância de soluções adaptáveis—aquelas que podem equilibrar o desempenho ambiental com a viabilidade operacional. À medida que as metas de ESG evoluem, também devem evoluir as tecnologias e parcerias que sustentam os sistemas de embalagens.
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