A Coreia do Sul introduz nova legislação que exige que os fabricantes de cimento divulguem o conteúdo de materiais residuais nas embalagens, promovendo a transparência e práticas de economia circular.
Coreia do Sul vai exigir divulgação do conteúdo de materiais residuais nas embalagens de cimento
3 de novembro de 2025 — Numa iniciativa histórica para maior transparência e práticas de economia circular, o governo da Coreia do Sul anunciou uma nova legislação que obriga os fabricantes de cimento a divulgarem a quantidade e o tipo de materiais residuais usados nos seus produtos diretamente nas etiquetas das embalagens. A iniciativa, que entrará em vigor em 2026, visa promover a responsabilidade nos setores da construção e embalagens, incentivando o uso responsável de materiais reciclados.
Promovendo a transparência nos materiais de construção
O Ministério do Ambiente afirmou que o novo regulamento faz parte de uma estratégia nacional mais ampla para reduzir os resíduos industriais e melhorar o acesso dos consumidores à informação ambiental. Segundo a lei que se aproxima, todos os produtores de cimento deverão indicar na embalagem do produto a proporção de matérias-primas alternativas — como cinzas volantes, escória de alto-forno ou outros subprodutos industriais — usados na composição do cimento.
As autoridades explicaram que esta iniciativa espelha os padrões de rotulagem já existentes nas indústrias alimentar e eletrónica, aplicando-os pela primeira vez aos materiais de construção. Com isso, o governo pretende capacitar promotores, construtores e entidades de compras a tomarem decisões de aquisição mais sustentáveis, baseadas em dados claros sobre a origem dos materiais e a reutilização de resíduos.
Reação da indústria e implicações
Os principais fabricantes de cimento manifestaram reações mistas. Embora muitos recebam a medida como um passo para a transparência e sustentabilidade, outros alertam que as novas regras podem aumentar a complexidade operacional e os custos das embalagens. No entanto, várias empresas, incluindo a Asia Cement e a Hanil Cement, já começaram a adaptar as suas linhas de embalagem para cumprir os futuros requisitos de divulgação.
Analistas do setor observam que o regulamento provavelmente incentivará as empresas a investir em sistemas aprimorados de rastreabilidade de materiais, gestão de dados e redesenho das embalagens. “O mandato de transparência não afetará apenas a produção, mas também remodelará a forma como as embalagens comunicam a responsabilidade ambiental”, afirmou o Dr. Min-Jae Lee, especialista em políticas ambientais sediado em Seul.
Incentivando práticas de economia circular
O setor da construção da Coreia do Sul consome milhões de toneladas de cimento anualmente, grande parte contendo materiais residuais industriais reutilizados como parte dos esforços de sustentabilidade. O novo regulamento pretende formalizar e comunicar esta prática, fornecendo um quadro mensurável para a circularidade na indústria pesada. Grupos ambientais elogiaram a decisão, destacando-a como um exemplo de como as embalagens podem ser um veículo para a aplicação de políticas e a consciencialização ambiental.
O Ministério enfatizou que o sistema de rotulagem também servirá de modelo para outros setores onde a reutilização de resíduos é comum. A iniciativa apoia os objetivos mais amplos do país ao abrigo da Lei da Neutralidade Carbónica e Crescimento Verde, que visa a redução de carbono em múltiplas indústrias até 2050.
Um modelo para comunicação sustentável
Ao transformar as embalagens de cimento numa ferramenta informativa, a Coreia do Sul demonstra como a política regulatória pode integrar-se com o design das embalagens para impulsionar a sustentabilidade em larga escala. À medida que os fabricantes se adaptam a estas mudanças, a medida poderá inspirar iniciativas semelhantes de transparência em toda a Ásia e além — unindo a fabricação industrial, a responsabilidade ambiental e a inovação em embalagens.
“Este regulamento representa a convergência de política, sustentabilidade e design de embalagens,” concluiu o Dr. Lee. “Não se trata apenas do que está dentro do saco — trata-se de capacitar todos os intervenientes na cadeia de valor a fazer escolhas informadas e responsáveis.”
Espera-se que o regulamento completo seja finalizado no início de 2026, com um período de implementação faseada que permitirá aos fabricantes ajustarem os sistemas de produção e rotulagem em conformidade.
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