A Woolcool está a revolucionar a embalagem sustentável ao usar lã de ovelha para substituir o plástico na logística sensível à temperatura. Com uma pegada de carbono até 75% inferior, este inovador do Reino Unido está a liderar o caminho em soluções de embalagem ecológicas e comercialmente viáveis.
Numa mundo cada vez mais desesperado por reduzir a dependência do plástico,Woolcool está a provar que as alternativas sustentáveis não só existem — como prosperam. Esta empresa familiar, liderada por mulheres, de Staffordshire, Reino Unido, está a transformar a embalagem sensível à temperatura usando um subproduto agrícola que muitos ignoram: a lã de ovelha.
Fundada oficialmente em 2009 mas concebida já em 2001 pela Dra. Angela Morris, a Woolcool surgiu como resposta a um problema muito real. Na sequência da crise da febre aftosa no Reino Unido, a fragilidade da cadeia de abastecimento alimentar foi posta em causa. Morris, enquanto consultora de embalagens para o The National Trust, colocou uma pergunta simples mas revolucionária: “Se a lã pode manter as coisas quentes, poderia também mantê-las frescas?”
O resultado foi uma inovação na embalagem isolante. Os produtos da Woolcool usam 100% lã pura de ovelha, um material natural, compostável e reciclável, para oferecer isolamento que não é só altamente eficaz, mas também baixo em carbono e amigo do planeta. A empresa cresceu para se tornar um negócio multimilionário que fornece mercados globais farmacêuticos e alimentares, demonstrando que a sustentabilidade pode andar de mãos dadas com o sucesso comercial.
“Não estamos apenas a substituir o plástico,” diz a CEO Josie Morris. “Estamos a reescrever as regras da embalagem começando pela fibra inteligente mais abundante que a natureza tem para oferecer.”
O impacto da Woolcool é mensurável. Estudos independentes mostram que as suas soluções têm até 75% de pegada de carbono menor comparado com alternativas à base de poliestireno. Para uma empresa que envia 10.000 encomendas por ano, isto pode significar evitar 20 toneladas de emissões de CO₂ — equivalente à absorção anual de carbono de quase 1.000 árvores maduras.
Até hoje, a Woolcool evitou aproximadamente 40 milhões de quilos de resíduos de EPS de acabar em aterros. Isso equivale ao peso de 160 aviões jumbo. Anualmente, consomem mais de 5,5 milhões de quilos de lã grossa — um material tipicamente descartado por ser demasiado áspero para têxteis — apoiando agricultores de ovelhas britânicos e da UE e injetando novo valor nas economias rurais.
As suas credenciais de sustentabilidade foram ainda mais reforçadas com a Medalha de Bronze EcoVadis atribuída em março de 2025, colocando-os no top 35% das empresas a nível mundial em desempenho de sustentabilidade.
No entanto, o caminho não tem sido totalmente fácil. A atual crise do custo de vida levou a um ligeiro declínio no apetite dos consumidores por produtos verdes. Em resposta, enquanto alguns concorrentes defendem a reciclabilidade, a Woolcool vai mais longe — promovendo a redução de material, reutilização e responsabilidade ambiental de ponta a ponta.
Esta visão tem dado frutos. Nos últimos cinco anos, a Woolcool tem desfrutado de crescimento consistente de dois dígitos, expandindo-se para novos mercados como farmacêutico, entrega de alimentos online e horticultura. Em 2025, a empresa registou um aumento de 29% na receita de vendas, enquanto o crescimento das exportações disparou 80%.
Mesmo em meio a incertezas geopolíticas, particularmente nos EUA, a Woolcool continua a avançar. Com um centro de distribuição em Ohio, estão a fornecer ativamente a América do Norte e a olhar para expansão nos Emirados Árabes Unidos.
A renascença da lã na embalagem não é apenas sobre substituir o EPS. As propriedades inerentes da fibra — impermeável, elástica, resistente ao fogo, antibacteriana e termicamente isolante — posicionam-na como uma concorrente séria em várias indústrias. No entanto, a inovação no setor da lã exige investimento, especialmente em áreas como recolha eficiente e métodos de lavagem ecológicos.
Nascida da crise, a Woolcool exemplifica como a disrupção pode catalisar a inovação. Desde a crise agrícola de 2001 à recessão de 2008, e agora em meio a desafios climáticos e económicos globais, a Woolcool prova que a natureza e a engenhosidade podem alinhar-se para criar não só um produto, mas um movimento.
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